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Oficina de Música de Curitiba: uma trilha sonora com 30 edições de história

Os sons musicais voltam a inundar a atmosfera curitibana, no mês de janeiro de 2012, celebrando a 30ª edição da Oficina de Música de Curitiba. O evento, que se tornou marca cultural da cidade, reflete a integração de ideais, valores e propósitos, tendo como fio condutor a linguagem universal da música. No alvorecer de 1983, a Prefeitura de Curitiba tornou realidade a Oficina de Música, concretizada por músicos de renome, que se uniram na proposta de descobrir e formar novos talentos. Nomes como da cravista Ingrid Seraphim – uma das mais respeitadas musicistas curitibanas –, que respondeu pelo comando ininterrupto de 19 edições da Oficina, abriram caminhos para que músicos iniciantes tivessem a oportunidade de aprimorar técnicas com expoentes da música mundial.

A partir dos oito cursos oferecidos em 1983, que reuniram 200 alunos no Solar do Barão, a Oficina de Música estendeu seus domínios, tanto no que se refere ao número de participantes e multiplicação dos cursos, como aos locais de desenvolvimento das aulas e apresentações, além das áreas musicais abrangidas. À música erudita e antiga somaram-se as manifestações da música popular brasileira, a música latino-americana, as iniciativas voltadas ao universo infantil, os encontros de professores e simpósios, até englobar, desde 2001, o rock, o blues, a música de raiz e a música eletrônica. Esse mosaico sonoro torna a Oficina de Música de Curitiba um dos mais importantes encontros da América Latina, dedicados à formação, reciclagem e aperfeiçoamento de músicos.

O crescimento experimentado pela Oficina de Música, desenvolvida pela Fundação Cultural de Curitiba sempre no mês de janeiro, levou à escolha de novos espaços para realização das aulas, extrapolando as instalações do Solar do Barão. De 1997 a 2009, a sede oficial foi o Colégio Estadual do Paraná e, desde 2010, a Universidade Tecnológica do Paraná – UTFPR sedia o festival. Também outros endereços recebem alunos e concertos, entre eles o Teatro Guaíra, o Canal da Música, o Teatro da Reitoria, o Conservatório de Música Popular Brasileira de Curitiba, o Memorial de Curitiba e o Teatro Sesc da Esquina. A música ainda se espalha pelas Ruas da Cidadania, que abrigam cursos voltados à comunidade, além de parques, praças e bares que se transformam em palco para espetáculos imperdíveis.

Estrelas musicais – A importância da Oficina de Música é atestada pelos nomes que dela participam, numa constelação que não se resume aos professores e chega à condução do evento. De 2001 a 2005, a direção artística esteve a cargo do oboísta Alexandre Klein, instrumentista que desenvolveu brilhante carreira internacional, mas que integra a história da Oficina por ter feito parte dela também como aluno, em suas primeiras edições. No mesmo cargo, de 2006 a 2011, esteve o maestro português Osvaldo Ferreira, regente titular da Orquestra do Algarve. Desde 2006, quem responde pela direção geral é a oboísta Janete Andrade, especialista em música antiga e igualmente ligada à Oficina desde sua criação, quando ainda frequentava os cursos como aluna.

O encontro musical e pedagógico, atualmente realizada pelo Instituto Curitiba de Arte e Cultura (ICAC), por meio da Fundação Cultural de Curitiba, coloca lado a lado países e idiomas diversos. Nos últimos anos, passaram pelas salas de aulas e palcos da Oficina de Música instrumentistas reconhecidos internacionalmente, como Antonio Meneses, Ricardo Castro, Elisa Fukuda, Claudio Cruz e Betina Stegman (Brasil), Chaim Taub (Israel), Don McInnes, Bud Herseth e Carol Wincenc (Estados Unidos), Milton Masciadri (Uruguai), Hopkinson Smith (Suíça), Michel Debost (França), Yang Liu (China), Trio Saint Petersburg Virtuosen (Rússia), Christine Hoock (Alemanha), Sérgio Carolino (Portugal), Jan Krzystof Broja (Polônia), Jennifer Campbel (Escócia), Juan Miguel Quintana (Argentina), Madeleine Mitchell e Peter Apps (Inglaterra), Carlos Rondon e Susana Salas (Venezuela) e Hsuan Tsai (Tailândia).

O canto também esteve sempre presente em suas variadas vertentes, contando com as vozes de divas como Neyde Thomas, Enza Ferrari, Denise Sartori e Marilia Vargas, mais o talento de Rio Novello e Carlos Harmuch. A dança, outra expressão artística intimamente ligada à música, conquistou espaço em muitas edições da Oficina, sendo uma das mais recentes incursões o curso de dança barroca, ministrado por Raquel Aranha, que ofereceu uma introdução às linguagens escrita e gestual que compõem as suítes de danças francesas, como minuetos, bourrés, e gigas.

A fase da Oficina de Música dedicada à Música Popular Brasileira foi implantada em 1993, tendo na direção artística o maestro e compositor carioca Roberto Gnattali. Em 2002, os curitibanos Sérgio Albach e Helinho Brandão assumiram a direção, sendo que, em 2005, Sérgio Albach passou a dividir com Glauco Sölter o comando da Oficina de MPB. Nessa área foram grandes atrações Hermeto Paschoal, Arrigo Barnabé, Arismar do Espírito Santo, Quarteto em Cy, André Mehmari, Carlos Malta, Zé Renato, Léo Gandelman, André Christovam, Boca Livre, Edu Lobo, Zeca Baleiro, Marcel Powell e outras estrelas da música brasileira, como as cantoras Mônica Salmaso, Leny Andrade e Paula Santoro.

Reconhecimento – Em 2002, a seriedade do trabalho desenvolvido pela Oficina de Música de Curitiba mereceu o aval de um Conselho de Mentores formado por Daniel Barenboim, Hopkinson Smith, John Neschling, Jordi Savall e Lúcia Camargo. Também chancelaram o evento instituições musicais consagradas, entre elas a Chicago Symphony Orchestra (EUA) e a Schola Cantorum Basiliensis (Suíça). Outro destaque fica com a promoção da responsabilidade social que permeia as edições recentes da Oficina de Música. Desde 2009, a emissão de gases de efeito estufa (GEE) produzida no evento é neutralizada pelo plantio e manutenção de árvores, numa ação em parceria com a Secretaria Municipal de Meio Ambiente.

Atualmente, perto de 1,5 mil alunos disputam as vagas de mais de uma centena de cursos da Oficina de Música de Curitiba, nas fases erudita e popular, sob a orientação dos melhores professores, instrumentistas, maestros e cantores brasileiros e estrangeiros. Ao longo dos anos, aqui estiveram representantes de toda a América Latina, Estados Unidos, França, Suíça, Holanda, Inglaterra, Alemanha, Noruega, Espanha, Itália, Portugal, China e Israel, que se misturaram aos músicos e alunos locais numa demonstração de que todos podem ter acesso à criação musical. A grandiosidade do evento, que em 2012 chega a seu trigésimo aniversário, constitui-se num grande desafio a ser vencido pela maturidade alcançada pela Oficina de Música, que tem como principal objetivo fazer da música um dos elementos de formação da cidadania.