Canal da Música recebe música caipira da melhor qualidade
Na plateia os olhares falavam. Sim, os olhares. Porque o público parecia nem respirar para não atrapalhar o dedilhar mágico da viola do caipira de Jaime Alem ou o choro do acordeom de João Carlos Coutinho. Era assim o clima no pequeno auditório do Canal da Música no sábado à tarde (28), quando Jaime Alem e Quinteto, no show Dez Cordas do Brasil, arrancaram suspiros de uma plateia que foi lá porque sabia exatamente o que encontraria naquele palco.
Foi um show de composições inéditas e arranjos incríveis. Um espetáculo de cordas e voz. A percussão de Reginaldo Vargas soava como ‘um afago no coração’, certamente diria alguém como o compositor francês, Maurice Ravel (se sua alma estivesse ali presente).
Adjetivos não faltam para qualificar o trabalho desse caipira mineiro cosmopolita que já rodou o mundo. Todos que assistiam ao show queriam opinar – tanto quem estava do lado de dentro quanto do lado de fora do pequeno auditório. O pessoal da produção, da segurança, da bilheteria, jornalistas, fotógrafos, todos atraídos pela música de excelente qualidade abandonavam seus postos para “ouvir o som e sentir o ritmo bem brasileiro mais de pertinho”, justificou Adelíbio Antônio Santiago, vigilante do Canal da Música que estava a mais ou menos 50 metros do auditório e não resistiu ao som da viola caipira. “A música foi me atraindo, me atraindo e me trazendo pra cá. Quando vi, já estava aqui bem pertinho e aqui vou ficar até o final do show”.
O fotógrafo Marcos Campos, que está cobrindo a 30ª Oficina de Música de Curitiba, lamentava ter que cumprir outra pauta quando o show ainda estava na metade. “Claro que gostaria de ficar aqui, na plateia, sentado confortavelmente, quase sem respirar também, tendo apenas que suspirar e aplaudir no final. O show é sensacional. Lindo. Nem tenho adjetivos. Bom demais”, disse o jornalista.
A farmacêutica Renata Bortoletto, que trabalhava na produção do evento, portanto do lado de fora do auditório, não sabia se focava nas coisas que os músicos porventura pudessem lhe pedir, como água, toalha ou microfone extra ou se ficava mesmo tietando o espetáculo. “Nossa! É demais. Isso é pura caipirinha brasileira na veia”, brinca a produtora, fã de Milton Nascimento, Chico Buarque e, agora, de “música caipira da melhor qualidade”.
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