A noite dessa quinta-feira (17), no Canal da Música, foi grandiosa. A começar pela fila que se formou na entrada. Quem chegava, custava a acreditar que ia tão longe. Ali, a Banda Sinfônica da 31ª Oficina de Música de Curitiba composta, principalmente, por alunos dessa edição do evento, apresentaria músicas inspiradas na literatura clássica. E eles eram muitos, mais de cem, todos ansiosos para mostrar ao público presente tudo o que aprenderam na intensiva semana de aulas.

Sob a regência do maestro Edivaldo Chiquini, também professor de trompa, composição e regência, iniciaram o espetáculo com Persis Overture, obra contemporânea de James L. Hosay (1959) que, com melodias encantadoras e de toques orientais, prende o ouvinte já em suas primeiras notas.

Logo depois, apresentaram Danzón nº6, do mexicano Arturo Márquez. Surpresa no programa, a música teve a participação do solista argentino Emiliano Barri (saxofone) e abriu espaço para a composição Niebla y Cemento, de Mario Herrerías, também de raízes latinas e com solo de Barri.

The Isle of Calypso, terceiro movimento de Odyssey, de Robert W. Smith, veio a seguir. Representando os lamentos do mitológico herói grego, Ulisses, quando naufragou na ilha de Calypso, a peça é marcada por um crescente tiquetaque de relógio.

Na swingada Liberamente 1, de Lojze Krajncan, participação do solista Bostjan Lipovsek (trompa). Calorosamente aplaudido, o esloveno voltou duas vezes ao palco para agradecer ao carinho do público. E antes do intervalo, ouviu-se ainda Porgy and Bess, ópera do compositor George Gershwin sobre a vida de negros americanos.

Para a segunda parte do concerto, mais surpresas. O jovem curitibano de apenas 17 anos, Otoniel Cristiano dos Santos, emocionou a todos por seu talento precoce e promissor como solista de eufônio, instrumento pouco comum no Brasil.

E nem bem o público se recuperou do momento anterior, o palco do Canal da Música se tornou todo vermelho. Batendo os pés no chão, os alunos imitavam uma marcha, enquanto a percussão reproduzia sons de correntes sendo arrastadas. Era o início da obra The Divine Comedy, também de Robert W. Smith, baseada no épico de Dante Alighieri e composta por quatro movimentos: Inferno, Purgatório, Ascensão e Paraíso. Do alto da plateia, surgia um coral de seis homens à direita, e seis mulheres à esquerda. As luzes, que agora ganhavam tons amarelados, e o coro, que repetia “aleluia”, completavam a atmosfera sonora. Aos poucos, porém, tudo foi ficando mais calmo e mais claro, até se tornar azul.

Era difícil naquele instante não construir projeções imaginárias sobre o que se ouvia. Assim como Dante, o público foi levado a uma viagem por outros mundos. E depois de “vislumbrar o rosto de Deus”, exatamente como o herói em sua saga, era hora de voltar.

Aplaudidos com louvor, os alunos da Banda Sinfônica, estreantes ou não, davam um largo passo em suas carreiras como músicos. No bis, comemoração digna da conquista: em pé, tocaram um “concerto instantâneo”, marcado por espontaneidade e alegria.

A 31ª Oficina de Música de Curitiba é uma realização do Instituto Curitiba de Arte e Cultura, Fundação Cultural e Prefeitura de Curitiba, Governo do Estado do Paraná, Ministério da Cultura e Governo Federal, com o patrocínio da Petrobras e da Sanepar, por meio da Lei de Incentivo à Cultura. A 31ª edição conta ainda com o apoio cultural das seguintes instituições: Ano Brasil Portugal, Casa da Música de Portugal, Centro Cultural Teatro Guaíra, Conservatório de Lyon, Consulado Geral da República da Polônia em Curitiba, Escola de Música e Belas Artes do Paraná, Faculdade de Artes do Paraná, Família Farinha, Goethe-Institut Curitiba, Jasmine Alimentos, Musicamera Produções, Orquestra Filarmônica de São Petesburgo, Pró-Reitoria de Extensão e Cultura da Universidade Federal do Paraná, Rádio e Televisão Educativa do Paraná – É-Paraná, Sistema Fecomércio Sesc Senac Paraná e Universidade Tecnológica Federal do Paraná.

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