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23/01/2013 16h31

Amilton Godoy em dois atos

Amilton Godoy / Foto: Alice Rodrigues

A 31ª Oficina de Música de Curitiba tem a honra de contar com a participação do pianista, arranjador e compositor Amilton Godoy, 72 anos, na programação deste ano, apresentando dois trabalhos que ele faz com excelência: o de músico concertista, hoje à noite, a partir das 21h, durante o show do CD “Villa Lobos Popular”, no Teatro da Reitoria da UFPR. E o de professor. Amilton Godoy ministra dois cursos da Fase da MPB, o de Piano Brasileiro e as Palestras Ilustradas, que acontecem na Capela Santa Maria Espaço Cultural.

O concerto vai promover o encontro do pianista - integrante do importante e premiado grupo instrumental brasileiro Zimbo Trio -, com Gabriel Grossi (Harmônica de Boca) para executar composições de Heitor Villa Lobos que ganharam novos arranjos pelas mãos de Godoy. Será apresentada uma seleção de músicas que sintetiza a cultura popular dentro da obra Villa Lobos, dentre elas Festa no Sertão – Ciclo Brasileiro, A Maré Encheu - Guia Prático 1° Volume, O Polichinelo, Bachianas Brasileiras n°5 – Dança (Martelo), “A Estrela é Lua Nova” e O Trenzinho Caipira.

Em entrevista exclusiva para a Fundação Cultural de Curitiba ele contou como se tornou íntimo da obra de Villa Lobos e sobre a experiência como professor de música popular brasileira, há quatro décadas:

Fundação Cultural de Curitiba – Qual a proposta do CD Villa Lobos Popular, cujas canções serão apresentadas no concerto de hoje à noite?

Amilton Godoy – Este trabalho nos foi solicitado pela produtora musical Dani Godoy. Eu já tinha tocado Villa Lobos durante muito tempo na minha carreira. Fui músico erudito antes de ser músico popular e tive sorte de estudar as composições dele, porque me ajudou, inclusive, a encontrar meu próprio estilo de tocar. Villa Lobos Popular como o nome já diz é uma forma da gente tocar a obra dele de um jeito que sensibilize um maior número de pessoas. No disco, você vai ver que foram muitas as composições que ele nos deixou. Villa Lobos realizou uma importante pesquisa do folclore popular em várias regiões do Brasil e isso resultou em obras totalmente regionais, como Cirandas, Cirandinhas e A Prole do Bebê. Tenho certeza de que as pessoas irão se identificar com essas músicas. A ideia do CD é ajudar a expandir Villa Lobos para além do círculo erudito. Quando a coisa é popular fica mais abrangente. Essa é a nossa humilde e sincera contribuição para que isso aconteça.

FCC – O senhor é considerado um dos maiores intérpretes de Heitor Villa Lobos...

AG – Eu ganhei o concurso Nacional “Hora de Arte”, em 1964, como o melhor intérprete no Brasil, e na época, eu acreditei que era mesmo. Faço o melhor que posso para dar às composições de Villa Lobos a melhor interpretação possível. Isso gerou uma certa intimidade com a obra dele. Enquanto eu conseguir fazer isso, dar o meu melhor, eu vou atuar como músico profissional. O dia que eu não puder mais, ainda assim vou continuar tocando, mas só pra mim, porque eu adoro tocar piano.

FCC – No ano passado, o senhor veio a Oficina de Música de Curitiba para tocar com o Zimbo Trio, mas nesta edição é a primeira vez que participa como professor. Está gostando?

AG – Desta vez, a minha vida colaborou para que eu estivesse aqui, e fiquei muito honrado e feliz com o convite. Acho essa iniciativa louvável e participar também enriquece meu currículo. A Oficina já tem uma tradição e atua para preservação de caminhos e de oportunidades para professores e alunos. Cada um que vem aqui é gente que tem uma história pra contar. É sempre um estímulo para o estudante ver o que o músico pode conquistar dentro e fora do País. É muito importante para as pessoas que se propõem a fazer um estudo e a adquirir conhecimento na música, que elas ainda tenham preservados espaços como a Oficina de Curitiba, porque é onde encontrarão oportunidades e podem encontrar respostas para os conhecimentos que buscam.

FCC Não é de hoje que o senhor compartilha seu conhecimento com alunos. Por que resolveu ensinar música?

AG – A gente decidiu criar o CLAM (Centro Livre de Aprendizagem Musical), em São Paulo, depois que passamos a ser solicitados para dar aula particular. Eu, Rubinho e Luiz, do Zimbo Trio, concluímos que dessa forma daríamos a aula para um número muito restrito de alunos. E um professor tem suporte para ensinar 20 alunos ou mais. Faltava no Brasil uma escola, uma metodologia, que ensinasse a fazer música brasileira, para ensinar o camarada a fazer um arranjo. Por isso criamos o CLAM. Mas antes foi preciso elaborar os cursos, fazer uma editora para que pudesse preservar os processos de criação e treinamento para os professores. Levou um pouco de tempo. Eu fiz isso no piano, o Luiz fez nos instrumentos de cordas e o Rubinho fez na percussão. Nós três dávamos aula e a medida que a coisa foi crescendo, passamos a fazer cursos de treinamento para professores de outras escolas, difundindo essa forma de ensinar. Fizemos um levantamento que registrou mais de 38 mil estudantes no CLAM, desde que a escola foi fundada em 1973.

FCC – Ensinar passou a ser tão importante para o senhor quanto a carreira de pianista e o Zimbo Trio?

AG – Nós observamos que a escola nos aproximou mais e fez com que nos mantivéssemos unidos com a proposta do Zimbo Trio. De todas as artes, enxergo a música como a mais forte, porque bate na alma e penetra dentro da pessoa, mexe com o interior de todo mundo. Precisamos passar isso para as nossas crianças, para a população brasileira, para que se tornem seres humanos mais sensibilizados. Por isso defendo e considero tão importante a formação e qualificação da comunidade de músicos.


A 31ª Oficina de Música de Curitiba é uma realização do Instituto Curitiba de Arte e Cultura, Fundação Cultural e Prefeitura de Curitiba, Governo do Estado do Paraná, Ministério da Cultura e Governo Federal, com o patrocínio da Petrobras e da Sanepar, por meio da Lei de Incentivo à Cultura. A 31ª edição conta ainda com o apoio cultural das seguintes instituições: Ano Brasil Portugal, Casa da Música de Portugal, Centro Cultural Teatro Guaíra, Conservatório de Lyon, Consulado Geral da República da Polônia em Curitiba, Escola de Música e Belas Artes do Paraná, Faculdade de Artes do Paraná, Família Farinha, Goethe-Institut Curitiba, Jasmine Alimentos, Musicamera Produções, Orquestra Filarmônica de São Petesburgo, Pró-Reitoria de Extensão e Cultura da Universidade Federal do Paraná, Rádio e Televisão Educativa do Paraná – É-Paraná, Sistema Fecomércio Sesc Senac Paraná e Universidade Tecnológica Federal do Paraná.

Serviço:
31ª Oficina de Música de Curitiba – 21ª Oficina de MPB
Show do CD “Villa-Lobos Popular”, com Amilton Godoy (piano) e Gabriel Grossi (harmônica de boca)
Local: Teatro da Reitoria da Universidade Federal do Paraná – R. XV de Novembro, 1299
Data e horário: 23 de janeiro de 2013 (quarta-feira), às 21h
Ingressos: R$ 20 e R$ 10

Mais informações sobre a 31ª Oficina de Música de Curitiba nos sites: 
www.oficinademusica.org.br
www.fundacaoculturaldecuritiba.com.br
www.facebook.com/fundacaoculturaldecuritiba
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