Isso sim é renovar!
Ontem, no Teatro Guaíra, parecia que teríamos uma solenidade de formatura, não um espetáculo musical. Era muita conversa em tom de galhofa, risadas intermináveis e principalmente um ar de jovialidade que preenchia cada canto daquele local. A época é destinada às formaturas e seus bailes, porém, os jovens que se instalavam no recinto estavam mesmo em busca de diversão, seja ela através de uma obra clássica ou mesmo pelo simples fato de estar ali com a galera. Isso denota um curioso comportamento social que é recorrente nas últimas edições da Oficina de Música: a renovação do público.
Seja pela fama que é notória ao autor da obra apresentada ontem – falo de Beethoven – ou pela suntuosidade que um evento desse porte denota, o que se via naqueles corredores acarpetados era uma horda de gente jovem, comunicativa e curiosa. Em uma volta rápida pelo local a fim de me situar sobre o evento, pude ouvir algumas conversas interessantes, como a de duas alunas da oficina que trocam suas experiências e peripécias que só quem é aluno sabe. Falam de seus professores “gringos” e da riqueza cultural que é o intercâmbio com gente de fora do país. Elas riam muito ao contarem, por exemplo, as sacadas quase ininteligíveis de um professor francês, ou o inglês “esquisito” de um professor australiano. Pelo tom da conversa, e das demais coisas que ouvi e não convém comentar, penso que mesmo esses professores citados são pessoas jovens, pois ambas as moças enfatizavam o lado brincalhão de cada um.
A juventude vem apostando numa nova condição ou estilo de ser que outrora poderia ser tachada de antiquada. Gostar de música clássica está se tornando “in”, e o preconceito com isso é “out”! É muito bom ver jovens nas plateias e mesmo no elenco que compõe as orquestras, grupos de câmara e os demais artistas envolvidos. É divertido também perceber entre os trajes formais um alargador de orelha, ou um cabelo azul, ou uma não tão discreta tatuagem. Bom, o próprio guia cultural desta edição da Oficina de Música já possui um tom bem mais voltado ao público jovem, bem como as propagandas espalhadas pela cidade. Percebendo essa situação foi automático lembrar daquela figura emblemática, o “seu Pedrinho”, que tinha um bordão que cabe exatamente nesse contexto: isso sim é renovar!
Colaboração de Ezequiel Schukes Quister
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